terça-feira, 10 de março de 2015

RESENHA AULA 10/03/15

Em plena terça feira uma pessoa poderia se sentir culpada em ser tão feliz patinando pela cidade depois de atingir a idade adulta e tendo o compromisso de pagar as suas contas. Sim, os adultos… Mas o patins recupera dentro de nós a criança livre e criativa que não se importa com as regras feitas pelas pessoas para guiar nossa consciência. Desde que não façamos mal a ninguém, nossa alegria é legítima. O cuidado que temos com nossa saúde física e mental quando patinamos é sagrado e se torna uma semente que plantamos agora para colher no futuro. Tenho certeza de que pessoas que patinam têm potencial para serem mais felizes.




DAISY chegou uma hora depois do seu horário com seu Twister novo. O trânsito dificultou sua chegada, e as meninas já até tinham chegado. Aliás, Simone, que era a aluna das 20h, estava lá às 18:30!! Com isso, nossa aula teve apenas 20min de duração, e assim mesmo, com a permissão das meninas, que iam te que se estender na Barragem para compensar. Mas foram 20 minutos muito produtivos! Sem tempo par aquecimento ou teorias, fomos direto patinar. Daisy já tem autonomia há muito, sobretudo depois de ter enfrentado bravamente os 22km do Roller Rio debaixo de sol da Cidade Maravilhosa. O negócio agora é trabalhar a simetria da bendita curva que ela só faz para um lado e melhorar a frenagem. Sem problema de pisada e sem mancar, sua patinação está bem melhor como seu Rollerblade Twister novo, mas seu apoio de perna esquerda é mais fraco que o direito. Isso faz com que, e em situações de cansaço ou subida ela acabe mancando um pouco. Depois de alcançar o morro a primeira descida foi muito desengonçada. Achamos que Daisy pode fazer muito melhor, então subimos novamente e refizemos o trecho. Aí sim! O encaixe frontal, com a concentração dessa vez, funcionou. Daisy precisa melhorar a eficiência do encaixe frontal, ou seja, que ela faça menos força e freio mais. Mas sua estabilidade na posição foi muito boa, o que é promissor. Chegando no pé do morro foi a vez da vassourinha. Ansiosa para fechar o movimento, Daisy estava indo com o pé atrás antes de conseguir se estabilizar no pé da frente. O trabalho foi mais de timming do que de força ou técnica. No final das contas, ela já estava fazendo a manobra, e até fez duas com muita estabilidade. No retorno ela treinou um pouco de abertura, rotação coerente e apoio de uma perna só. O tombo de bunda que ela tomou no treino do T a deixou um pouco insegura, mas a descida com a pendurarão recuperaram toda a sua confiança, e durante a aula da Rebeca até arriscou um treinamento pesado e repetitivo. Está de parabéns nossa patinadora!!!

REBECA é atleta. Isso faz toda a diferença, já que patins é um esporte que existe consciência corporal e isometria. O aquecimento foi bem rápido, e não precisamos de muito. Rebeca tem resposta muito rápida a tudo o que propomos, e tem firmeza no corpo todo na hora de encontrar uma posição de equilíbrio. Mas o seu medo é tanto que, se não tem a minha mão ali, mesmo que ela não a utilize, as manobras simplesmente não saem. Então começamos com uma pequena volta na barragem, onde controlamos o apoio de um pé só durante a descida e o encurtamento das pisadas na subida. É muito comum entre pessoas fortes, a patinação que eu chamo de “patinar na marra”. O patinador garante a rigidez na estrutura esquelética e afasta as pernas para aumentar a margem de segurança. A patinação se torna sofrida e esteticamente ruim, mas aparenta segurança. Na descida tivemos encaixe frontal DUAS VEZES. Na primeira vez ela estava insegura e não tinha entendido a manobras. Subimos para fazer novamente, e ela fez direitinho. Novamente colhendo os frutos de seu trabalho contínuo com o corpo, Rebeca teve grande facilidade em segurar o peso do corpo. Aproveitando o platô de baixo, fomos treinar a frenagem em T. Rebeca já sabia fazer a meia lua, e isso foi um problema. Toda vez que ela abria o quadril para fazer a frenagem em T, acabava fazendo do pé avulso um pivô e girava em torno do pé, fazendo a meia-lua. Mas o importante é que ela sabe se virar em caso de precisar parar, e isso e muito bom. Com o tempo vamos refinando e separando uma manobra da outra, ate por que cada uma tem sua própria vocação de ação. Chegou a hora de aprender a pisada de segurança ( apoio unilateral” ). Usamos a pequena vala de tijolos por onde a água da chuva escoa. Na primeira passagem, Rebeca deu um pulo sobre o obstáculo, e o fez com pânico. Na segunda ela também estava em pânico, mas não pulou por que eu pedi. Da terceira em diante, tendo entendido como funciona a posição das pernas e a versatilidade do apoio unilateral, ela fez direitinho, e foi um festival de travessias de todo tipo de chão quebrado e valas que apareciam em nossa frente. Isso foi um grande indicador de que Rebeca estava ficando pronta para passeios urbanos, que são um grande prazer a se viver com os patins nos pés. Terminada a volta, lá fomos nós para o primeiro Urban da Rebeca. Tudo começa já com uma escadaria, que é para quebrar o gelo. EM seguida longa calçada estreita com pavimento horroroso e direito a um ponto de ônibus no caminho. Para quem se apressar em reclamar da subida, logo vem a descida com pavimento igual, mas sem espaço para manobras como zigue-zague ou encaixe frontal…. resta a frenagem em T. Mas não tinha carro e passamos direto, descendo a calçada e enfrentando várias transições de pavimento em série em uma única esquina. Rebeca deve ter rezado para todos os santos nessa hora, mas tenho certeza de que ter sobrevivido a isso a deixou muito mais confiante para o que viesse de mais simples, rs. Subimos em direção ao São Bento pela mão, encostando quando os carros vinham e trabalhando uma patinação eficiente e elegante enquanto cumprimos o trajeto de cerca de 4 quarteirões morro acima. Na volta, descemos fazendo reboque traseiro, que é um objeto raro nas aulas. No reboque traseiro eu ofereço minhas mãos por trás, à altura da cintura, e não vejo como o aluno está se virando. A principal desvantagem dessa técnica de auxílio é a de que não posso me antecipar ao erro ou desequilíbrio de meus alunos. Mas as duas principais vantagens compensam o risco: em primeiro lugar, o aluno pode observar o que eu faço em cada situação, e copiar exatamente cada posição de cada parte do corpo. Isso não é possível quando o instrutor patina de costas, já que os movimentos da patinação de costas são incompatíveis com os de frente. E a segunda vantagem é a economia de energia e a segurança, já que o instrutor pode patinar para frente, reduzindo os riscos de colisão. Com roupa de patinadora artística, Rebeca fez um grande sucesso por onde passou. Se patins já é uma coisa que as pessoas ficam com vontade quando vêm alguém patinar, imaginem quando Rebeca passa feito uma boneca? Para encerrar a aula, depois de descer o grande platô de descida fazendo grande zigue-zague fomos para o estacionamento treinar o arremate, que é uma manobra de finalização de frenagem. A gente vinha correndo e, de repente, fazia uma curva fechada de alto desempenho seguido de uma meia lua firme e estável, parando completamente. REBECA é um sucesso no patins.

SIMONE estava de pé em cima da grama há mais de uma hora, tempo em que estava com os patins nos pés. Cheguei a dizer que ela estava parecendo árvore até mais que a própria árvore daquele jeito. Simone é magra, leve e forte. Mas seu pânico era visível em cada músculo, tenso e trêmulo. Tirada do estado de vegetal em que se encontrava na última hora, Simone começou a arriscar os primeiros passos. Na medida em que foi vendo que não caia, que estava segura, e que dava conta, sua sensação de que ia morrer a qualquer momento foi dando lugar à vontade de aprender e superar tudo aquilo. Rápida na resposta e muito esperta, Simone assimilou tudo em pouco tempo e logo começou a se deslocar sozinha. Bastava um toque e ela já interiorizava as ideias da aula. Segurando o ombro em cima e trocando o padrão de pedestre pelo de patinador na hora da remada, Simone começou a patinar corretamente em menos de 15 minutos. Com algumas idas e vindas pela subida do estacionamento já era chegada a hora de trabalhar o “abre e fecha simétrico”, em que as pernas se abrem e se fecham guiadas pelo joelho. Esse movimento é a chave para várias manobras essenciais, e fazê-lo bem torna a patinação promissora. A cada nova subida do estacionamento ela levantava mais o peito e ganhava mais segurança, até não haver mais o que corrigir em sua postura. Ainda nessa aula, o que me deixou absolutamente impressionado, Simone aceitou o desafio do abre-e-fecha ASSIMÉTRICO, ou seja o embrião das curvas de alto desempenho! De representante da fauna da Zona Sul ela passou a uma patinadora querendo se tornar intermediária! Com perfeição, embora assistida, ela conseguiu fazer as curvas para os dois lados. Só não se pode dizer que ela estava pronta por que, embora não usasse a mão do instrutor para nada, não conseguia nem sair do lugar se ela não estivesse lá. Seu medo, então, é seu grande desafio daqui para frente. Muito sucesso nessa patinada que começa aqui, Simone!

E chega o final do dia com a sensação SEMPRE maravilhosa de que três lares receberão pessoas melhores naquilo que saíram de casa para buscar. Não canso de ser apaixonado pelo processo de aprendizado, e o patins não cansa de me encantar com seus resultados. Parabéns, meninas, e obrigado pela companhia!! <3

Patrick Bonnereau
Instrutor de Patinação
#VamosPatinarJuntos
bhroller

sexta-feira, 6 de março de 2015

RESENHA AULA 06/03/15

Num dia bonito chego a achar que é pecado abrigar-se muito do Sol. Me sinto como se estivesse ouvindo música alta no fone de ouvido em plena execução de uma peça em um teatro. O privilégio de patinar nessas manhãs maravilhosas em tão boa companhia é algo por que terei eterna gratidão. Com direito a engavetamento e show de ski, a aula de hoje foi, como sempre, surpreendente e deliciosa.


BEBÉH e ROBERTA estavam assentadas no jardim e conversando animadamente quando cheguei. Acho lindo essa vontade de patinar que minhas alunas têm e que me contagia. Bebéh estava estreando o seu SEBA nesse dia, e precisou de um breve aquecimento para entrar no ritmo. Beber, que sempre pisa de calcanhar, começou a descida com uma certa insegurança, já que toda hora perdia o equilíbrio para trás. Mesmo assim, agora que tem um SEBA de carcaça rígida, sua pisada está certinha, e só resta mesmo um pouco de consciência corporal que a ensinará a transferir a carga um pouco mais para frente e tirar o peso do calcanhar. Beber, que é leve e tem força razoável, tem respostas rápidas e patina bem na maior parte do tempo. Engraçado é que, de repente, sem que ninguém esteja esperando, ela desmonta de um jeito que parece que tomou um choque e desmaiou. Não sei se começo a rir ou se ajudo ela, rs. Toda vez que ela começa cair ela vai até o chão, independente do apoio estar firme. Roberta esteve conosco durante toda a aula. Ela aproveitou a oportunidade para treinar a remada. Patins bons como o SEBA têm o inconveniente didático de serem tão macios que não carecem de movimentos adequados para deslizar. Só mesmo uma subida para aperfeiçoar os movimentos. Bebe tem uma dificuldade com lateralidade que fomos resolver só no final da aula. Quando a gente tinha que levar o peso para a perna esquerda, por exemplo, ao invés de levar o corpo para a perna, ela isolava a perna que parecia que ia joga-la na lagoa. No final, com as muitas tentativas que fizemos, ela finalmente entendeu. E na subida ela surpreendeu! Levou cerca de dois minutos pelejando sem sair do lugar… mas assim que conseguiu entender o movimento, subiu com leveza e rapidez, a ponto de ter que pedir para ela ir mais devagar para elaborar mais o movimento. Roberta fez o trecho todo! Brilhou! Raramente ela se segurava em mim ou na Bebéh, e sempre se virava. Bebéh precisa ficar mais serena. Sua ansiedade atrapalha sua concentração e a torna desatenta. O patins está sendo um ótimo exercício. Na descida forte Roberta bem que tentou vir sozinha. Quando viu que não ia dar conta logo avisou que ia segurar no quadril de Bebéh. O que Bebéh não esperava era o engavetamento com direito a conchinha que as duas arrumaram na embolaria de tentar não cair. E novamente tive que escolher se ria ou se acodia. No Platô fomos treinar o apoio de uma perna só. Usando o apoio unilateral Bebéh passou duas vezes pela calha de tijolos ou “Rego da Roberta”. Tivemos até a platéia com um senhor que elogiou a evolução da roberta desde a aula anterior. Na descida até o final do trajeto, trabalhando administração da velocidade, e no estacionamento as curvas como “abre e fecha assimétrico”. Dessa vez tivemos um pouco dificuldade com coordenação, mas descobrimos que beber faz curvas para a esquerda lindamente. Quando as curvas já estavam se saindo bem, já emendamos o arremate com a meia lua. As curvas de alto desempenho de Bebéh eram sempre muito bruscas, como são quase todos os movimentos dela quando está aprendendo. Precisamos serenar essas manobras para diminuir seus riscos. Por fim, muito mais firme e à vontade com o patins, Bebéh já mostrou que não demora a estar passeando sozinha por aí!

Em seguida chegou a CLÁUDIA, com um patins melhor do que o que estava usando antes e muito animada. Já no começo da aula ela mostrou que tem uma flexibilidade sensacional! Sua perna rotacional tanto que ela foi uma das poucas alunas capazes de fazer o encaixe frontal sem esforço. Passamos por obstáculos com tranquilidade e patinamos com calma. Cláudia estava super centrada e não oferecia  dificuldade com medo ou travamento. Mas, como a Bebéh, Cláudia tem pisada de calcanhar, o que a torna vulnerável às quedas para trás. Trabalhamos isso com cuidado e firmeza, já que é uma questão de segurança de extrema importância. Nas remadas ela não teve dificuldade com as pernas, nem por força nem por encaixe. Cláudia estava suada por causa do calo e do trabalho aeróbico. Com o corpo bastante exigido, mas com muita disposição, Cláudia conseguiu ter uma aula pesada e semblante leve. Como poucas são capazes de fazer, Cláudia teve a capacidade de aprender a técnica com atividades pesadas mas, ao mesmo tempo, curtiu a aula. Cláudia também consegue fazer algo parecido com meia lua. Por que suas pernas são bem fortes, ela fazia um jogo de força com a parte interna da coxa, não deixando o patins ter velocidade suficiente para a meia lua. Com muito custo ela foi soltando desse tipo de apoio e dando lugar ao deslizamento de lado que a manobra proporciona. Cláudia também passou bem pelos tijolos. Sua coragem ajuda muito! Na descida para ir embora fomos trabalhando troca de base e encaixe frontal. Para finalizar a aula fizemos uma sequência de curvas e Cláudia deu o show de primeira. Investigando o que poderia ser responsável por tamanho sucesso tão rápido, descobri que ela praticou Ski, e que, portanto, tinha a memória dos movimento de curva de que precisamos. Depois de subir toda a escadaria sem problemas, fomos para o platô aplicar as curvas, e novamente um Show de Ski. É preciso comentar que num desses atrevimentos de fazer as manobras sozinha, ela virou para o lado errado e quase que embolamos descida abaixo.A aula foi encerrada com arremate de meia lua e Cláudia cumpriu, ainda com supervisão, o conjunto básico de manobras que considero essenciais para quem quer patinar por aí sozinho. EM apenas duas aulas ela avançou MUITO, e estou impressionado.

MÁRCIA, irmã da Cláudia, chegou com filhas e marido. Ela, que tinha cancelado a aula, acabou conseguindo chegar e animou enfrentar o Sol. Calçou o patins e logo sentiu aquela primeira sensação que todos têm quando colocam o patins no pé: está tudo solto, o que eu faço com essas pernas? Sua patinação era primitiva e engessada. Sua postura não era ruim, mas o medo a fazia arquear bem. Bastou uma breve observação e Márcia já estava de pé, postura correta e pernas firmes. Márcia é atleta, malha e é muito leve. Isso facilita muito as coisas, embora o medo ainda seja uma barreira para enfrentar. Ansiosa na patinação, ela trocava de pernas muito rápido e tinha um tempo muito curto de permanência em uma perna só. Trabalhando a calma e a consciência do pé de carga, isso foi melhorando rapidamente. Em apenas UMA AULA indo e vindo na rampa do estacionamento fizemos a patinação para frente, troca de base, sustentação de um pé só feito aviãozinho e finalizamos com meia lua. INCRÍVEL! No final, ela só precisava de mim para coloca-la no eixo e puxar para dentro da curva. No mais ela fazia tudo sozinha no final da aula. Sua filha mais nova, a Liz, se inspirou na mãe, embora andasse melhor que ela, e a mais velha deve ter ficado balançada com o patins, embora parecesse gostar muito de pedalar com o pai. Espero ver em breve outra família unida no patins!

Saindo no meio do dia com o Sol forte na cabeça estava pronto para outra. Obrigado, meninas, pela companhia nesta manhã, e parabéns pelo talento e esforço!

Vamos patinar juntos!

Patrick Bonnereau
Instrutor de Patinação
#VamosPatinarJuntos
bhroller

terça-feira, 3 de março de 2015

RESENHA AULA 03/03/15


Se tem uma coisa que faz você ser criança outra vez esta coisa tem que fazer seu olho brilhar. E hoje foi um grande dia de estréia e brilho nos olhos com direito a açaí de patins novo nos pés. Meu primeiro SEBA, amanhecer na Barragem e boa companhia... Não faltou nada!

Depois de dar uma volta olímpica na Barragem para aquecer e estrear o patins novo, encontro ROBERTA extremamente animada me assistindo patinar no restinho do caminho até seu carro. Radiante, ela não cabia dentro de si, e eu já pensei que só podia ser pegadinha tanta coisa boa de manhã. O Marcelo (marido) ainda teve que dar nela uma zoada por que saía de casa feito criança indo para o parque. Com tanta alegria assim não me espanta ela ter levado cerca de 10 minutos para se concentrar, afoita com tanto pensamento e ansiedade. Roberta já patina sozinha, sem dúvidas, e está pronta para passear por aí. Contudo, muito de vez em quando, ela tem uns desequilíbrios para trás que me preocupam. Sabemos que o tombo de costas raramente nos oferece defesa, e por isso são perigosos. Trabalhando a pisada de calcanhar (na tentativa de levá-la para a planta dos pés), Roberta foi direto para o morro, onde pudemos acertar a patinação sem a falsa impressão de sucesso que o EXCELENTE patins oferece na reta diante de quase qualquer movimento. Com energia sobrando, Roberta fica vermelha na subida, mas não se cansa. Chegando lá em cima, hora de descer controlando a velocidade! E Roberta deu seu Show no encaixe frontal, controlando a velocidade e se estabilizando bem. Como de costume, com receio de cair, o patinador inexperiente troca a flexão de joelho pela de lombar, forçando as costas e diminuindo a estabilidade. Foi preferível não trabalhar isso e deixá-la sentir as questões de traçado do patins, que aqui são mais relevantes. Depois de uma volta completa mais curtindo do que trabalhando técnica, escadaria. A conversa estava tão boa que Roberta me olhou torto diante do desafio “chato”. Naquele espírito hedonista com que ela chegou mais cedo, quis enrolar e propor outra coisa. Mas o professor mandão não abre mão de seus vislumbres, e tocou Roberta escada acima como quem sabia o que estava fazendo. Assim que começou a subir, Roberta sentiu-se confiante e subiu a escada toda sem apoio, com postura e firmeza. Lá em cima, ao final da escada, chegamos em um lugar que eu considero muito medonho. um platô de uns dois metros quadrados cercado de descidas perigosas, sem apoio e com pavimento intermitente. Não vou dizer que tenho medo, mas admito que fico mais atento do que de costume quando passo por lá. E Roberta? Nem ligou! Na descida, feito uma locomotiva de reboque frontal, fomos agraciados com a gentileza do senhor que nos cedeu passagem. Agradecemos o gesto, mas rimos por que mal sabia o coitado que ele é quem tinha que agradecer por ter se livrado do perigo, rs (brincadeira). No platô logo abaixo fizemos um grande zigue-zague com buzina. Digo isso por que tive que ouvir Roberta dizer que não dava conta o tempo todo, ao mesmo tempo que fazia com perfeição o que eu pedia, hahaha. Vai entender… Suas curvas de alto desempenho saíam perfeitamente quando guiadas, restando ao trabalho solo a coragem de encontrar o eixo - o tempo vai trazer isso certamente. E lá embaixo foi a hora do “Brucutu”. Roberta ganhou uma afeição pelo tal do “pular reguingo” que só ela mesmo para entender. A cara dela pulando as calhas de tijolos que escoam a chuva era de criança fazendo estrepolia - impagável. E pula reguingo pra cá, pula reguingo pra lá, desequilibra daqui e acode de lá. Já disse que Roberta faz recrutamento de anjo da guarda quando vai ter aula, por que nunca vi catar tanto cavaco sem cair, rs. Quem vê de longe acha que ela está recebendo um santo. Na descida a puladora de reguingo chegou a atingir alta velocidade em direção ao estacionamento, e administrou muito bem a adrenalina. Para arrematar exercitamos muito o “abre-e-fecha” assimétrico, no que Roberta deu um show. Agora ela pode ir patinar na praia e curtir seus rebentos nas merecidas férias com Marcelo. Vamos sentir falta dela!

Na chegada DANIELA já nos esperava. Empolgadíssima, ela ia receber o seu SEBA que eu trouxe de São Paulo. Seu patins é lindo, e tive que fazer a selfie do batismo (foto). Com cuidado, ajustamos o patins em seus pés. Ela, que rapidamente se endireitou na patinação, precisava de poucos ajustes que a experiência vai trazendo com o tempo. Mas, de começo, ela mostrou um grande talento nos patins, já que calçava o seu pela primeira vez e já saía fazendo curva de alto desempenho como se resgatasse memórias de patinação da infância. Daniela não tem problemas para soltar o quadril nem para rotacionar o joelho, e isso é uma vantagem muito grande na patinação! Sua afinidade com a dinâmica do patins é tanta que ela consegue praticamente fazer um powerslide (frenagem brusca, robusta e avançada) quando rebocada em alta velocidade. Vendo que ela se adaptou ao seu patins como se já tivesse sido feito para seus pés, não quis esperar mais para levá-la a dar uma grande volta. Utilizando a linha branca da ciclovia, Daniela mostrou que tem controle de traçado, embora ainda tenha um pouco de medo de se lançar na direção da pendulação. Na subida ela sofreu… Embora tenha todas as afinidades esquelético musculares que mencionei, Daniela tem o vício mais comum dos iniciantes nesse esporte: o de caminhar com o patins feito pedestre. Diferente do sapato, que não desliza e, portanto, deve ser colocado exatamente onde ele é necessário, o patins não precisa sair do chão enquanto rolam as rodinhas. O que é fácil de perceber, é extremamente difícil de fazer. É como ser destro e ser obrigado a escrever com a mão esquerda, ou, ainda, ter que escrever com a mão direita, mas de trás pra frente. De repente toda a sua memória motora de anos de uso é descartada para dar lugar a um processo frio, mental e calculista em que até mesmo os músculos da face devem ser monitorados. Mais de uma vez tive que dizer a Daniela que relaxasse um ou outro músculo que não estavam sendo úteis à sua patinação. Esse processo todo recrutou tantos recursos mentais e cardiovasculares que Daniela teve que parar um pouco para respirar. Estava cansada daqueles cansaços que fazem bem quando chegamos em casa. No encaixe frontal ela pronou muito, ou seja, pisou para dentro. Mas isso foi só um detalhe técnico, já que ela conseguiu descer freando lindamente. Na hora de “pular o reguingo da Roberta” (cuidado com o que vão pensar aqui) Daniela deu uns gritinhos muito engraçados até entender que era seguro, rs. Quem vê o tamanho minúsculo da vala e o tamanho do grito é convidado a rir da desproporção. Em seguida, a famosa e importantíssima vassourinha. Fazendo muita força e com apoio duplo, o que não é o recomendado, Daniela se virou e conseguiu parar. Teremos que tratar essa questão na próxima aula, mas o problema de não conseguir parar já está com seus dias contados. Na volta, durante a descida, hora de coordenar os patins e desenhar bem o traçado no chão. Daniela ficou com aquele medo silencioso, mas topou até tirar onda de um pé só - não sem gritinhos. Foi Show. Para encerrar ela quis tomar um açaí com patins nos pés! Uma pena Roberta já ter ido embora...

É preciso que se diga que o patins no pé aguça o paladar… E como o açaí fica mais gostoso. Aliás, o que é que não fica mais gostoso quando feito com patins nos pés? Saindo dali com o Sol nas costas e o dia todo pela frente, tenho certeza de que o meu dia começou para ser o melhor que podia ser. Obrigado, meninas, pela companhia!

Patrick Bonnereau
Instrutor de Patinação
#VamosPatinarJuntos
bhroller