domingo, 20 de setembro de 2015

RESENHA 20/09 - Praça JK

Acordar às seis horas da manhã de domingo só pode ser bom se o programa for SENSACIONAL! E pergunte se alguém se queixou. Em um domingo com Sol forte só se viam sorrisos e camisetas verdes do BH ROLLER.


Às 6:45 MARINEL estava esperando no carro para começar sua aula. Ansiosa, ela tinha uma grande expectativa: tinha que patinar direitinho. Nas suas duas primeiras aulas ela estava tão nervosa e apressada que assimilou pouco. Na última aula, depois de um trabalho de tornar-se mais calma e serena, conseguiu se concentrar muito e patinou SOZINHA! Hoje, confiante de sua escalada para o sucesso, patinou firmemente por toda a Avenida Bandeirantes. É sensacional ver como as noites de sono funcionam como treinamento. Subindo grandes morros ou descendo em reboque frontal, Marinel não deixou o medo atrapalhar, e enfrentou todos os desafios. Depois de andar mais de 5km lindamente, foi para casa com a certeza de que é o patins mesmo que vai ser o companheiro de vida e saúde de agora em diante.
KÁTIA não perde tempo e já estava esperando por sua aula. As meninas acordaram cedo para acompanhar, mas ela não queria correr riscos e saiu na frente. Depois de tomar um belo tombo tentando andar com as meninas sem o professor há uma semana, Kátia decidiu aprender e se tornar independente. Patinando pela avenida, pouco havia o que corrigir em sua postura e patinação. Mais calma agora do que antes, ela conseguia pensar antes de agir e não parece ter se intimidado com toda aquela gente caminhando e pedalando pela praça toda. Já treinada em curvas simples, não teve dificuldades para manobrar no meio do povo, e na descida conseguiu usar e entender o reboque frontal. Com a chegada das meninas a dinâmica foi outra. Duas princesas rodeando a aula o tempo todo só fazem o domingo ficar mais gostoso, e como aprendem rápido as crianças.
DENISE é a aluna mais assídua do momento. Patina sozinha e se vira muito bem. Não tem dificuldade com quase nada e o medo não a bloqueia, embora exista na medida da precaução. Seu marido e Ti, o filho-espoleta ficaram em volta feito mosca de padaria, e a aula rendeu uma patinação de alto desempenho. Andamos tão bem que em 15 minutos chegamos ao Néctar da Serra. Nosso objetivo agora é a independência. Chegou a hora das aulas coletivas, e a autonomia é o cartão de entrada. Fizemos então o teste de fogo. Subida da praça do Papa depois de patinar da praça JK até a praça da bandeira! Guerreira, ela sorri diante do que já fez muitos chorarem. Íngreme e dificultada pelo Sol que não perdoa, a subida da Praça do Papa é para os fortes. Uma das características didáticas importantes desta subida é que o patinador PRECISA aprender que se patinar de forma ineficiente, não chega nunca. No começo Denise patinava com pernas afastadas e uma pendulação exagerada. Tudo isso consome muita energia e não nos deixa ir longe. Em poucos minutos ela entendeu o recado e começou a acertar tudo... "E tudo o que sobe tem que descer" lá vão Patrick e Denise morro abaixo controlando a velocidade naquela ribanceira. Haja perna! Mas foi sucesso!!!
ANA CLÁUDIA chegou para a aula já me fazendo rir. Atrasada segurando uma sacola que mais parecia um embrulho de manga e um coco. Atrasada, o que é raro, ela ainda tomou seu tempo para se equipar. Já no começo da aula ela teve que descer um degrau de quase meio metro. Adoro ver a cara que ela faz quando está com medo e é pressionada. Ana já sinalizou o interesse mas aulas coletivas, mas será necessário um trabalho sério com a falta da mão do professor na hora do medo. É impressionante o medo que ela fica quando não tem a mão do salvador. Só que uma coisa interessante aconteceu nesta aula e que só os observadores saberão apreciar. Para contextualizar, Ana tem tanto medo de velocidade que quase chora para ultrapassar um jabuti. Sempre faz biquinho e arma um escândalo ao menor sinal de ultrapassar a velocidade padrão de caminhada da terceira idade. Ontem, quando descíamos uma rua mais alta, a velocidade aumentou muito e ela começou a se queixar como de costume... Mas quando a inclinação diminuiu e a velocidade diminuiu um pouco ela disse: "agora não tem problema por que está devagar". Pera!  DE-VA-GAR?!?! Ana, você disse isso!  Pior de tudo é que não estava devagar. Descíamos a uma velocidade que até pede uma certa atenção. Mas para a nova Ana aquilo não era nada! Menosprezou a coitada! Que orgulho! São nessas pequenas coisas que vemos as pessoas evoluírem.
PAULA estava escondendo leite. Encontramos ela assentadinha no banco do ponto de ônibus, como quem não quer nada, mas guardava na manga uma patinação excelente!! Já saímos patinando com velocidade e trabalhando economia de energia. Nosso foco foi a patinação de longa distância. Com postura bacana e um bom desenho com o patins no chão, restava à aula os trabalhos com curva e frenagem. Como quase todo mundo, Paula tem uma assimetria na amplitude de rotação do fêmur que faz com que as curvas saiam melhor para um lado que para o outro. Com esforço, insistimos nos dois, e ela foi obrigada a cumprir o trajeto quase todo freando sozinha. Foi ótimo ver que temos mais uma companheira para o grupo de aprendizado coletivo!!
CARINA foi a aluna corajosa que fez aula uma da tarde. Não é fácil tomar 50 minutos de tapa na cara daquele Sol. Mas ela não se importa. Ser Diva tem seu preço, e ela pagou direitinho. Pressionados pela polícia do trânsito, que anunciava a abertura da avenida para o trânsito de carros ora interrompido, tivemos que agilizar. O sofrimento dela na primeira subida foi digno de retirante nordestino... Mas nada que um platô quase plano asfaltado não se fizesse de alento. Patinando mais firme e com economia, rapidinho ela já transformou a respiração esbaforida de quem estava prestes a desmaiar em uma respiração quase atlética de quem conhece o vigor. E lá fomos nós para a primeira descida longa. Super confiante no professor, Carina acha que faz aula com Chuck Norris, tal o seu desprendimento. Suas curvas e meia lua para a direita são tão boas que até ensaiamos umas coreografias de giro.
Por fim, tornados solitários pelo Sol que nem todos resistiram, fomos para casa com as lembranças da experiência que ficará marcada em nossa mente e músculos. Por que patins e vida e cura, e todos nós sabemos o tamanho do espaço que ele ocupa no coração para além do lazer e esporte. Que venham mil aulas e mil curas para as vidas de quem sabe aproveitar a saúde que tem!


Patrick Bonnereau
Professor de Patinação
#VamosPatinarJuntos
@bhroller
@artepatrick